quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Vantagens do trabalho presencial

 Eu escrevo muito aqui no blog sobre os benefícios do trabalho remoto ou híbrido, mas pra ser democrático, não podemos deixar de destacar os benefícios do trabalho presencial.

Esse infográfico, retirado de uma matéria da Você RH, mostra alguns desafios do home office que são solucionados com o trabalho presencial:


Ou seja, o trabalho nos escritórios permite:
  • Maior contato e interação com os colegas de trabalho;
  • Reduz problemas de ansiedade, preocupações e falta de motivação;
  • Melhor infra-estrutura de trabalho (física e tecnológica);
  • Minimiza as distrações pessoais (mas aumenta as distrações com conversas com colegas)
  • Acesso e manipulação de documentos físicos;
  • Melhor comunicação com o gestor direto.
Eu também incluo que o trabalho presencial tem mais algumas vantagens:
  • Ajuda a evitar a procrastinação;
  • Ajuda a manter um ritmo de trabalho mais constante;
  • Ajuda no planejamento de horários;
  • Maior interação social em geral;
  • Uma vez que te obriga a sair de casa, favorece outras atividades externas, como frequentar academia e participação em happy hours.

Mas note que todos os pontos acima valem tanto para o trabalho híbrido quanto para o trabalho 100% presencial.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Tendências do trabalho remoto em 2024

A Forbes fez um artigo aonde listou 16 tendências do trabaklho para 2024, dentre as quais se destacam três relacionadas ao trabalho remoto ou híbrido:
  • Trabalho flexível é o que há - A flexibilidade não é uma novidade, mas o ano de 2023 marcou a volta de muitas empresas a práticas pré-pandêmicas, como o trabalho 100% presencial. Porém, a Randstad alerta as empresas de que essa é uma das prioridades dos profissionais hoje. Nas entrevistas de emprego, o modelo de trabalho é um dos primeiros e principais questionamentos feitos pelos candidatos, por questões de equilíbrio com a vida pessoal, produtividade e satisfação no trabalho. E não haverá dedução salarial para a maioria daqueles que trabalham de forma remota, parcial ou totalmente, segundo a Korn Ferry. Só 2% dos empregadores pretendem dar remuneração diferenciada àqueles totalmente remotos e apenas 6% àqueles em regime híbrido;
  • Modelo 100% home office está em extinção - Os brasileiros nunca procuraram tanto por “vaga home office” no Google quanto em 2023. Mas há cada vez menos oportunidades de trabalho remoto, segundo relatório do LinkedIn de agosto deste ano. Ao mesmo tempo, as vagas de regime híbrido têm aumentado. O regime que combina dias no escritório com a flexibilidade de trabalhar de casa deve prevalecer como principal opção, para atender tanto às necessidades dos talentos como as das empresas;
  • O TQQ (terça, quarta e quinta-feiras no escritório) vai continuar - Um relatório da Korn Ferry sobre tendências de RH mostra que a maioria dos empregadores espera que seus funcionários trabalhem de 2 (61%) a 3 dias (27%) por semana presencialmente. As segundas e sextas-feiras são os dias geralmente escolhidos para trabalhar de casa, o que pode ser observado no trânsito das grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, esses são os dias com menos trânsito, enquanto terças, quartas e quintas registram a maior alta na média da lentidão do engarrafamento, segundo acompanhamento da Companhia de Engenharia de Tráfego na capital paulista.
Para saber mais:

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

TQQ

A rotina de ida aos escritórios mudou desde o retorno ao trabalho presencial, em 2022. O trabalho remoto no período da pandemia deu lugar ao trabalho híbrido ou, em muitos casos, 100% presencial, forçando a retomada dos escritórios.

Mais recente, as empresas apertaram o cerco e passaram a requisitar a presença dos funcionários em mais dias da semana, em regimes de, geralmente, 3 dias no escritório e 2 dias em casa (em alguns casos, é liberado trabalhar de casa apenas 1 dia por semana). Com apenas dois dias de trabalho remoto, naturalmente as pessoas tem optado por trabalhar de casa nas segundas e sextas-feiras, por facilidade de emendar o ritmo do final de semana e, em muitos casos, evitar os picos de trânsito típicos desses dias. Assim há uma preferência por trabalhar presencialmente às terças, quartas e quintas-feiras.

E, assim, surgiu uma nova gíria corporativa, a TQQ, sigla criada para "terça, quarta e quinta-feiras".

Segundo a Forbes, a TQQ é uma das tendências para o trabalho em 2024.

Uma reportagem do G1 traz algumas estatísticas interessantes sobre a adoção da TQQ:

  • Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade de São Paulo(CET-SP) mostra que em 2023 a quinta-feira passou mais quilômetros de congestionamento do que a sexta-feira: quinta tem média de 341 quilômetros parados, contra 321 quilômetros na sexta. As segundas e sextas-feiras passaram a ter um volume de trânsito inferior aos demais dias da semana. Isso era muito perceptível em 2022 e no início de 2023.
  • Segundo dados de agosto de 2023 da consultoria Robert Half, 38% dos trabalhadores passariam a procurar emprego se fossem convocados a retornar ao presencial nos cinco dias da semana. 33% das empresas voltaram ao regime antigo, com 100% de presença, enquanto o modelo híbrido é a maioria, adotado por 59% das empresas. Apenas 8% estão em esquema totalmente remoto.

Para saber mais:

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Não podemos esquecer dos benefícios do Home Office

Já se passou mais de um ano desde o fim da pandemia do Coronavírus, e vale a pena refletir sobre as mudanças que poderiam ter ocorrido graças a ela. Nesses dois anos de pandemia, de 2020 a 2022, uma parte da força de trabalho foi colocada em home office. E agora, com o retorno a "vida normal", como será o futuro do trabalho remoto? Ou melhor... será que há futuro?

Com o fim da pandemia, eu vejo um movimento grande de retorno aos escritórios, colocando à prova o sonho do trabalho remoto. Mas o trabalho remoto, ou mesmo o modelo de trabalho híbrido, traz muitas vantagens, que não poderiam ser ignoradas.

Durante a pandemia do novo coronavírus, desde o início de 2020 diversas empresas foram obrigadas a adotar o trabalho remoto em função da exigência de quarentena e isolamento social imposta pelas autoridades sanitárias no Brasil e em diversos países ao redor do mundo. Do dia para a noite, literalmente, muitos executivos que eram reticentes a adoção do trabalho remoto tiveram que adotar esse regime a força. E, assim, diversas empresas experimentaram o trabalho remoto pela primeira vez, em praticamente todas as suas áreas de negócio. Em alguns casos, as áreas de tecnologia já praticavam o regime de trabalho remoto, mesmo que extra-oficialmente, mas sua adoção era muito mais rara nos demais times das empresas.

Olha que interessante esse gráfico da Reuters sobre a adoção de isolamento social e restrição de comércio no Brasil durante o período da pandemia:


Apesar da tragédia humana que a pandemia representou, ela também nos deu a oportunidade de refletir sobre nosso modo de vida. Especialmente no caso do trabalho remoto. Eu acredito que o resultado desse período de adoção do home office acabou sendo muito positivo para todo mundo, empresas e funcionários. Eu vejo que, na prática, muitas empresas conseguiram manter o seu nível de produtividade e entregar os resultados esperados mesmo com parte ou totalidade dos seus empregados trabalhando em casa, longe dos escritórios.

É claro que nem tudo foi flores nesses últimos dois anos: já se falou muito sobre o grande crescimento de casos de stress e burnout nesse período, tanto é que a saúde mental entrou na pauta de todas as empresas. Mas eu acredito que eles foram causados pela pressão do confinamento durante o período de isolamento social, e não pelo regime de trabalho remoto em si. Além disso, muitas empresas, executivos, gestores e funcionários não estavam preparados adequadamente para o trabalho remoto, em termos de tecnologia, processos, gestão e cultura corporativa, e foram obrigados a se adaptar rapidamente - e não necessariamente de forma adequada. Por exemplo, muitos profissionais foram obrigados a adaptar algum cômodo de sua casa para o trabalho, sem necessariamente ter condições adequadas de infraestrutura e nem mesmo de ergonomia.

Ou seja, não podemos nos esquecer desse ensinamento precioso que a pandemia nos trouxe, apesar de tanta tragédia humana: o trabalho remoto é viável e é funciona!

Infelizmente, eu vejo um número relevante de empresas voltando totalmente ao trabalho presencial, reocupando os espaços de escritório. Aqui no Brasil e no mundo, enquanto algumas empresas adotaram definitivamente o trabalho remoto ou híbrido (com alguns dias no escritório e outros em casa), outras querem voltar ao regime de trabalho pré-pandemia, com todos os funcionários de volta aos escritórios.


Eu já escrevi sobre isso diversas vezes aqui no blog, mas vou continuar repetindo: existem diversas vantagens para os trabalhadores e para as empresas na adoção do regime de trabalho remoto. É lógico que existem diversas áreas e atividades em que é necessário o trabalho presencial, como por exemplo em diversas funções nas indústrias de manufatura, agricultura, transportes, segurança pública, serviços hospitalares e de saúde, etc. Mas, quando o trabalho remoto é possível, ele também é viável e vantajoso.

Então, vale muito a pena relembrar quais são os benefícios quando a empresa adota o trabalho remoto ou o híbrido. Eu acredito que os pontos abaixo são os principais:
  • Melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Uma das primeiras vantagens citadas é o aumento da qualidade de vida, por conta do maior distanciamento do escritório e maior proximidade com o lar. O fim da necessidade de deslocamento entre a casa e o escritório permite o melhor aproveitamento, de forma mais produtiva, desse tempo (em uma cidade como São Paulo facilmente varia entre 30 minutos e 2 horas desperdiçadas por dia). Para os trabalhadores remotos, esse tempo extra pode ser aproveitado para uso pessoal (lazer, descanso, exercícios, cuidados com a família e saúde, etc) ou profissional (por exemplo, extender o horário de trabalho ou aproveitar esse tempo para o estudo). O trabalho remoto também permite uma maior proximidade com a família, participando mais próximo da rotina de casa e dos filhos. Se bem administrado, o home office permite construir um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional;
  • Aumento da produtividade e eficiência do trabalho. Mesmo remotamente, os funcionários acabam produzindo mais e melhor, com mais eficiência, por diversos motivos:
    • É muito comum ouvir relatos de pessoas que acabam trabalhando por muito mais horas quando estão em casa do que no escritório, pois nem sempre tem o mesmo controle do tempo. É comum ver funcionários remotos começando a trabalhar mais cedo e terminando as tarefas muito mais tarde do que no período em que estavam nos escritórios. Isso tem muito a ver, na minha opinião, com a dificuldade que algumas pessoas encontram ao gerenciar o seu tempo e definir limites, além de ser demandados fora do horário tradicional por outros colegas e por seus superiores;
    • Ao trabalhar de casa, os funcionários conseguem se concentrar mais em seu trabalho, uma vez que não acontece interrupções e distrações tão frequentes quanto no ambiente de escritório, onde sempre tem algum colega que passa pela sua mesa para bater um papo rápido ou para convidar para o cafezinho. Eu tenho diversos colegas que trabalham com desenvolvimento de software, um trabalho que exige muita concentração, e relatam a dificuldade de trabalhar no escritório por causa dessas interrupções;
    • As reuniões de trabalho ficam muito mais produtivas. As reuniões on-line, por vídeo conferência, acabam sendo muito mais objetivas e produtivas do que as reuniões presenciais. O primeiro motivo é que elas normalmente começam e terminam no horário marcado, sem atrasos, pois não há necessidade de deslocamento nem de disputar salas de reunião. É muito comum, no ambiente de escritório, você chegar na sala de reunião que você reservou e, no horário da sua reunião, a sala ainda estar ocupada porque a reunião anterior atrasou. E, por tabela, a sua reunião vai atrasar também. Essa situação não existe nas reuniões on-line. Além disso, as reuniões on-line não permitem as conversas em paralelo e distrações que normalmente minam as reuniões presenciais. Só uma pessoa consegue falar e ser ouvida por vez, logo, todos acabam respeitando o direito à palavra de cada um;
  • Economia nos gastos com escritório, graças a menor necessidade de uso e de ocupação de espaço para o escritório. Isso significa redução nas despesas com aluguel, água, luz e despesas em geral com o escritório (incluindo móveis, segurança física e patrimonial, condomínio, etc). Com o regime de trabalho remoto ou híbrido, a empresa pode utilizar um espaço muito menor de escritório, e muitas vezes focado principalmente em ser um local de integração entre os times remotos, em vez de espaço de trabalho. A empresa pode ter grande economia se mantiver um espaço com posições equivalente à metade da sua força de trabalho, ou muito menos até - dependendo da porcentagem de profissionais remotos ou em trabalho híbrido;
  • Descentralização do trabalho e impacto positivo no cenário macro-econômico: a partir do momento em que o trabalho remoto permite que os funcionários estejam em qualquer lugar, temos a oportunidade de expandir a força de trabalho para além dos grandes centros. Com uma parcela significativa da economia nacional e das empresas centralizadas em São Paulo, o regime de trabalho remoto possibilita a contratação de profissionais qualificados em qualquer cidade ou estado, expandindo o mercado de trabalho para além das capitais e pólos específicos. Isso representa uma possibilidade de mudança do eixo econômico brasileiro, desafogando os grandes centros urbanos e promovendo o crescimento das demais cidades. Eu mesmo conheço vários colegas que saíram de São Paulo para buscar melhor qualidade de vida em cidades menores ou que voltaram para suas cidades de origem, de volta ao convívio mais próximo a família;
  • Impacto positivo nas cidades e no clima, graças a diminuição do trânsito devido a menor necessidade de deslocamento das pessoas. Um trabalhador em home office é uma pessoa a menos para se deslocar para o trabalho - um carro a menos nas ruas, nos horários de pico;
  • Ambiente mais aberto a inclusão e diversidade. Trabalhando longe do ambiente tóxico de muitos escritórios, profissionais de diversas minorias podem realizar seu trabalho, e ser avaliado pelos seus resultados, sem ter que lidar com o preconceito explícito e implícito que muitas vezes encontramos em alguns ambientes de trabalho, carreiras ou setores específicos.
Foi intencional eu ter deixado por último o ponto sobre o trabalho remoto ser propício a afastar as pessoas de um ambiente tóxico. Isso porque este é um tema que se discute muito pouco, mas que é relevante - principalmente se falamos em áreas com problemas de diversidade - como a área de tecnologia e de segurança, predominantemente machistas.

Além disso, tem uma outra vantagem para o empresário, só que muito pouco falada: no trabalho remoto, em muitos casos o funcionário continua trabalhando mesmo quando está doente. Isso aconteceu com muita frequência durante pandemia do coronavírus, aonde mesmo as pessoas testadas positivamente e com sintomas leves, que deveriam ficar de licença afastadas do ambiente de trabalho, continuaram trabalhando remotamente, de suas casas. Se elas estivessem em um regime de trabalho presencial, receberiam um atestado e seriam afastadas do seu trabalho por um período de pelo menos cinco dias. No trabalho remoto, isso não acontece. Elas continuam trabalhando mesmo doentes. Eu mesmo cheguei a assistir uma palestra on-line de um colega que estava com COVID - ele não deixou de palestrar no horário marcado para aquela live. Se fosse uma palestra presencial, a situação seria diferente e a palestra teria sido cancelada.

Olha que legal essa lista de benefícios do trabalho remoto/híbrido preparada pela Você RH:


Justamente por esses motivos citados acima eu acredito que os executivos tiveram a oportunidade de vivenciar na prática os benefícios do trabalho remoto. As empresas continuaram produtivas, mesmo com a força de trabalho longe dos escritórios de tijolo e cimento.

Eu gostaria muito de acreditar que, após o final da pandemia, teríamos aprendido essa valiosa lição e continuaríamos adotando esse regime de trabalho. Mas, infelizmente, o que eu vejo são empresários e gestores antiquados, que não souberam se adaptar e mudar sua forma de gerenciar suas equipes. Esses empresários, na primeira oportunidade, chamaram seus trabalhadores de volta aos escritórios.

Acredito que o regime de trabalho ideal, nos tempos atuais, é o modelo híbrido e flexível, quando permite que os trabalhadores tenham a liberdade de optar pelo home office, pelo escritório ou pelos dois, de acordo com a necessidade e preferência de cada um. Os empresários e colaboradores só tem a ganhar a partir do momento em que as pessoas tem a oportunidade de trabalhar da forma que se sintam mais confortáveis e produtivas.

Para saber mais:

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O sonho do trabalho remoto acabou?

Com a pandemia do Coronavírus (COVID-19), no início de 2020 até início de 2022, as empresas foram forçadas a adotar o home office na medida em que governos instituíam medidas de distanciamento social, quarentena e lockdown. Com isso, mesmo as empresas mais reticentes a este regime de trabalho foram forçadas a adotá-lo, o que exigiu adaptações tecnológicas, nos processos e na gestão de pessoas.


A Expectativa

Durante esse regime de quarentena forçado pela pandemia do Coronavírus, nos acostumamos a ouvir opiniões positivas sobre como as empresas mantiveram a sua produtividade com o pessoal trabalhando em home office - mesmo vindo de empresas e executivos que inicialmente eram contrários a tal flexibilização. Na época, discutimos e sonhávamos sobre qual seria o papel dos escritórios numa nova realidade.

As principais justificativas em defesa do regime de trabalho remoto giram em torno do ganho de produtividade, percebido durante esse período de pandemia, e o corte de custos fixos com a manutenção dos escritórios tradicionais.

Diversos executivos perceberam que é possível manter o mesmo nível de desempenho com seu time trabalhando remotamente, e é comum ouvir depoimentos de que a produtividade aumentou. As reuniões, por exemplo, começaram a ser mais objetivas, iniciando no horário certo, com menos conversas paralelas e, portanto, maior foco. No mundo online também não existe mais aquela situação de você chegar numa sala de reunião e ela se atrasar pois a reunião anterior ainda não acabou e a sala não foi liberada.

As empresas perceberam que podiam ter grande economia ao diminuir o espaço dos escritórios e ainda ganham com a possibilidade de contratar trabalhadores em locais de custo mais baixo, sem restrição geográfica. O Ministério da Economia, por exemplo, estimou que o trabalho remoto dos funcionários públicos federais representou uma economia de 1,4 bilhão de reais entre março de 2020 e junho de 2021. Essa estimativa considerou a redução em cinco tipos de despesas: diárias; passagens e locomoção; energia elétrica; água e esgoto; e cópias e reprodução de documentos.

Nesse cenário, esperava-se que os escritórios virassem espaços para reuniões, treinamentos, e não representem mais o local para o expediente de trabalho. Acreditava-se que os novos escritórios seriam apenas ambientes de convivência, um lugar de networking e de confraternização.

#SQN

A Realidade

Agora que a pandemia acabou e, na verdade, já caiu no esquecimento, estamos de volta a vida normal aonde a discussão sobre a adoção permanente do regime de home office está morrendo! Quando parecia que o regime de home office iria decolar, chegamos no pós-pandemia com um número relevante de empresas forçando a volta dos trabalhadores aos escritórios.

Toda a discussão sobre o futuro dos escritórios, os novos modelos de trabalho, etc, desapareceram junto com o Coronavírus. e, nesse "novo normal" que não tem nada de novo, os executivos estão forçando a volta ao regime de trabalho tradicional presencial.

Eu, particularmente, tenho visto muitas empresas e empresários a favor da volta do trabalho presencial - com algumas delas aceitando o trabalho híbrido para alguns casos específicos. Diversas grandes empresas americanas de tecnologia, que até então eram partidárias do trabalho remoto, repentinamente passaram a obrigar o retorno aos escritórios. Além das empresas do Elon Musk, da Google e da Amazon, por exemplo, desde o início de setembro de 2023 a Meta passou a exigir que seus funcionários compareçam aos escritórios pelo menos 3 vezes por semana.

Segundo estimativas da WFH Research, em julho de 2023, 59% dos funcionários voltaram a estar 100% no local de trabalho, enquanto 29% estão em um arranjo híbrido e 12% estão completamente remotos. Mesmo assim, os escritórios ainda estão apenas pela metade em comparação com a ocupação pré-pandemia. Dados de agosto de 2023 da consultoria Robert Half mostram um cenário ligeiramente diferente, mas aonde o trabalho remoto continua sendo uma raridade: aumentou para 33% o número de empresas que voltaram ao regime antigo, com 100% de presença, o modelo híbrido é a maioria e foi adotado por 59% das empresas, enquanto apenas 8% estão em esquema totalmente remoto.

Nos EUA, os escritórios com cubículos já voltaram à moda. Alguns podem ser mais simpáticos, outros podem parecer os cubículos retratados nas tirinhas do Dilbert. Mas o fato é que os escritórios estão voltando com força.

Justificativas não faltam para o retorno aos escritórios, e a maioria delas gira em torno do argumento falacioso de que os próprios funcionários preferem assim, para ter melhor interação entre as equipes. Na minha opinião? "Bullshit!". O que rege essa decisão (IMHO) é o pensamento arcaico, quase medieval, de que os funcionários devem estar à vista do chefe. Junte a isso a necessidade de ocupar os escritórios vazios (que, na verdade, poderiam ser desmontados e devolvidos, economizando milhões para as empresas). E, claro, existe a "preguiça" dos gestores por não buscar formas de manter os colaboradores remotos integrados, mesmo que virtualmente.

Na prática, as empresas que não forçaram a volta integral aos escritórios partiram para um modelo híbrido, permitindo a flexibilização do trabalho com um regime de, geralmente, 3 dias da semana no escritório e 2 em casa (algumas permitem apenas 1 dia de trabalho remoto por semana). E assim surgiu o termo: "TQQ", para quem vai ao escritório apenas nas "Terças, Quartas e Quintas-feiras".

De um lado, temos empresas que exigem o retorno aos escritórios, enquanto os funcionários querem manter a liberdade de trabalhar em casa. Mas, nesse cabo de guerra desleal, um lado sempre vence, né?

O impasse

Enquanto as empresas exigem o retorno aos seus escritórios, frequentemente ouvimos sobre o descontentamento dos funcionários que foram obrigados a deixar o regime de home office, onde muitas pessoas já tinham adaptado sua vida para essa rotina.

Essa estatística, do final de 2022, mostra isso: "Enquanto 82% dos tomadores de decisão nas empresas sentem que trazer os funcionários de volta aos escritórios é uma grande preocupação em 2023, 73% dos funcionários disseram que precisam de um bom motivo para abandonar seu horário flexível de trabalho remoto. Esses dados são de um relatório divulgado em 22 de setembro."


Existe solução mágica?

A verdade é que não existe um regime de trabalho único que vá atender a necessidade dos patrões e de todos os empregados. Algumas pessoas se sentem mais produtivas em casa, e outras no escritório. Os motivos podem ser vários, desde a falta de infra-estrutura em casa, presença de filhos ou parentes que atrapalhem a concentração, ou, por outro lado, muitas pessoas passam horas de deslocamento diário no trânsito das grandes cidades.

O ideal, na minha opinião, seria que as empresas adotassem um modelo híbrido, mas flexível, aonde os trabalhadores tivessem a liberdade de escolher o local de trabalho aonde se sentem mais produtivos (em casa, escritório ou híbrido).

Para saber mais:
PS: é interessante comentar que eu comecei a rascunhar esse artigo no início de 2022, quando a pandemia ainda estava acontecendo, mas com perspectiva de chegar ao fim. De lá para cá muita coisa mudou, e o que era uma expectativa da consolidação do trabalho remoto, acabou se tornando uma volta ao presencial, Muito do que eu havia rascunhado originalmente e algumas referências foram simplesmente descartadas do rascunho desse post, por estarem totalmente desatualizadas e erradas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Contratações de TI fora do Sudeste aumentam 50% graças ao Trabalho Remoto

Essa notícia, divulgada no portal Convergência Digital, é tão legal que merece ser reproduzida aqui!

Segundo a pesquisa “Profissionais de tecnologia no Brasil em 2021” da Revelo, empresa de recrutamento no mercado de tecnologia, a transição para o trabalho remoto possibilitou uma maior distribuição geográfica dos profissionais de tecnologia pelo Brasil e abriu caminho para a contratação de profissionais fora da região Sudeste.

De 2020 para 2021, houve um aumento na distribuição de profissionais de TI pelos estados brasileiros, com crescimento entre 42% e 50% na contratação de profissionais nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul. Em contrapartida, a região Sudeste sofreu uma queda de 17,7%.

Segundo a Revelo, 59,33% dos profissionais de tecnologia estão na Região Sudestes, sendo que São Paulo concentra 41,1% deles.

O relatório da Revelo, com dados de 2021, analisou mais de 33 mil profissionais de tecnologia no Brasil e mais de 1.800.000 buscas realizadas por empresas que estão recrutando.

Isso mostra, claramente, que a adoção do trabalho remoto e políticas de Home office tem o potencial de impactar a economia nacional, reduzindo a concentração histórica das oportunidades de trabalho nos grandes centros urbanos.

terça-feira, 5 de abril de 2022

O trabalho remoto no Brasil durante a pandemia

Hoje o NIC.br divulgou os resultados da pesquisa Painel TIC COVID-19: Pesquisa on-line com usuários de Internet no Brasil - 4ª edição: Cultura, Comércio Eletrônico, Serviços Públicos On-line, Telessaúde, Ensino Remoto e Teletrabalho, com dados sobre atividades na Internet e dispositivos usados pelos brasileiros para acesso à rede durante a pandemia.

Além de apresentar diversos indicadores sobre as formas de acesso e sobre o aumento do uso da Internet durante a pandemia para atividades de comércio eletrônico, serviços públicos on-line, telessaúde, cultura e ensino remoto, o estudo também traz alguns dados sobre o teletrabalho em 2021. Tanto na forma 100% remota ou híbrida, ele adotado como solução emergencial para a manutenção de inúmeras atividades econômicas durante os períodos de quarentena.

Veja alguns destaques da pesquisa Painel TIC COVID-19 sobre a adoção do teletrabalho pelos usuários de internet acima de 16 anos durante a pandemia, em 2021:
  • 54% realizaram atividades profissionais pela Internet no período;
  • 38% dos usuários que trabalharam durante a pandemia realizaram trabalho remoto;
  • 80% dos que realizaram trabalho remoto, o fizeram como consequência da pandemia;
  • 66% dos usuários da classe AB fizeram trabalho remoto;
Sobre o trabalho remoto, teletrabalho ou home office, o maior destaque é que em média quatro em cada dez (38%) dos profissionais adotaram o trabalho remoto, embora o uso da Internet para tais atividades ficou fortemente concentrado em uma parcela específica da força de trabalho, em especial os usuários de Internet com ensino superior e pertencentes às classes AB. Enquanto o teletrabalho chegou a atingir 66% dos usuários das classes AB, ele ficou restrito a 33% da classe C e apenas 16% da classe D.


O celular e o notebook foram os dispositivos usados com maior frequência para o trabalho remoto, sendo o telefone celular quase dominante por aqueles usuários das classes mais baixas, com menor educação e mais jovens. Em geral, o telefone celular foi usado por 92% dos usuários de Internet que realizaram trabalho remoto, seguido pelo notebook com 63%, o computador de mesa com 43% e apenas 20% utilizaram tablets.


Para 66% dos usuários que usaram o computador para realizar trabalho remoto, o dispositivo era de uso exclusivo (por exemplo, um notebook corporativo), mas um terço (33%) dos usuários compartilhavam seu equipamento com outras pessoas do mesmo domicílio. Essa proporção variou entre 28% para usuários nas classes AB e chegou a 44% nas classes DE.

Além disso, nas classes C e DE foi maior o uso de computadores emprestados ou doados. Incluindo computadores de mesa, notebooks e tablets 14% dos usuários das classes AB compraram o dispositivo durante a pandemia; enquanto 12% dos usuários da classe C usaram computadores emprestados por amigos ou familiares e12% dos usuários nas classes DE receberam esse computador por doação.


O relatório Painel TIC COVID-19 tem muitos mais dados interessantes, cobrindo temas relacionados como o ensino remoto e quais atividades de trabalho foram mais utilizadas pela internet no período da pandemia. Vale a pena dar uma lida!

Veja abaixo o video da live com a apresentação dos principais resultados do Painel TIC COVID-19:


A apresentação com os principais resultados da pesquisa está disponível no site do Cetic.br. O livro com o relatório detalhado também está disponível online, assim como a lista completa dos dados e indicadores apresentados no estudo. Essa é a 4a edição das pesquisas sobre uso de tecnologias internet durante o período da pandemia do COVID-19, que estão disponíveis para consulta no site do Cetic.

Em novembro de 2020 também foi publicado um estudo exclusivo sobre o teletrabalho e ensino remoto durante a pandemia: Painel TIC COVID-19: Pesquisa sobre o uso da Internet no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus - 3ª edição: Ensino remoto e teletrabalho.

Esse estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) foi conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br).

PS (adicionado em 11/04): Veja também essa notícia, sobre a pesquisa TIC Covid-19: "Covid-19 empurrou 42 milhões no Brasil para o teletrabalho". Eles destacam que, de um total estimado em 137 milhões de pessoas com mais de 16 anos que usam a internet com frequência no país, 38% deles (ou seja, 52 milhões de pessoas) passaram a alguma modalidade de teletrabalho – sendo que 8 em cada 10 foi obrigado a fazer esse movimento justamente por conta da pandemia.